Tô indo aí, Minga!

    Oi, Minga! Alô? Tá escutando? O-I, M-I-N-G-A!!!! Ah, já tinha escutado...então, linda, cê vai tá muito ocupada hoje? É que eu fiz outro bolo de cenoura. Outra receita. Sabe aquele que bate uma parte no liquidificador e outra parte na batedeira? Então! Só que a parte que vai na batedeira achei melhor bater na mão. Ah, senão suja muita coisa tô certa? Então, filha, já que eu vô ter que saí de casa com essa chuva eu vô aí e nóis come junta. Que cê acha? Ai, que bom! Oi? Pois é, a Arminda, toda serelepe, foi viajar, e aí sobrou prá mim, né? Tive que ir lá tudo esses dia prá cuidá das planta dela porque a vizinha que cuidava não quer mais saber. Tô te falando! Foi depois daquela vez que a Minda foi prá São Paulo e não voltava mais. Aí já viu, né? Acho engraçado que esse pessoal que foi com ela nessa viagem, prá onde é mesmo? Caçapava? Hein? Ah, Camanducaia! Então, eles nunca vem na casa dela, né? Ela nem nunca apresentou essas pessoa prá nóis, né verdade? Acho que ela tem vergonha de nóis! Só pode ser! Duvido que um daqueles lá faz um bolo de cenora que nem o meu. Duvido! Ah, linda, eu não coloquei cobertura porque ainda não tô boa daquele desarranjo dos croquete, lembra? Mas, então,qué que elva alguma coisa da padaria pro Olavo? Tá. Tá bom!

    Olha, Minga, duvido que você vai respirá melhor depois dessa cirurgia. DUVIDO! Cê não respira bem por causa desse maldito cigarro! Já te falei isso! E se esse médico diz que você vai respirar de jeito, então ele é um troncho!

    Bom, só vô estendê meus pano e aí eu vô, tá bom? Até mais, linda! Ah! Separa aquela revista que ensina aquele ponto bonito de crochê prá fazê meia. Aí nóis faz umas prá Minda, que nunca vi senti tanto frio nos pé que nem aquela lá!